Rossana Araripe Lindote
Algo em nós é preenchido de sentido quando temos a oportunidade de transformar. Conforme o dicionário Houaiss, transformar significa “dar nova forma”. Quando interferimos em algo que está posto, para reposicionar, suprimir ou acrescentar algo, nós estamos transformando.
Seja um trabalho que exige o exercício de nosso potencial criativo na área intelectual, seja nas atividades práticas mais corriqueiras, o fato é que podemos obter prazer, quando empreendemos mudanças no mundo. Além do prazer direto que obtemos quando fazemos algo naturalmente agradável, há o prazer indireto, que vem do domínio sobre algo, quando colocamos em ação o poder que dispomos e efetuamos modificações ao nosso redor.
Criar um texto onde havia uma folha em branco, cultivar um jardim a partir de terra e sementes, decorar um ambiente onde antes não existia beleza, fabricar um traje a partir de tecidos e linha ou uma refeição a partir de ingredientes diversos, e até mesmo fazer brilhar uma pia onde havia louça usada e organizar um espaço bagunçado, são exemplos de transformações que nos fornecem um prazer indireto por serem oportunidades de exercer nossas habilidades e competências.
Nós nos sentimos gratificados na comparação do “antes e depois”, e às vezes experimentamos um verdadeiro júbilo se a tarefa que concluímos tiver sido especialmente difícil. Os resultados que conseguimos funcionam como um feedback implícito que se traduzem no sentimento de “eu sou capaz”, e isso é psicologicamente gratificante!
Ao invés de cumprir tarefas no piloto automático, nos lamentando pelo trabalho que precisamos fazer, podemos focar a nossa atenção na atividade que estamos desempenhando, desfrutando do processo de transformação e aplaudindo a nós mesmos ao contemplar ao final o resultado, mesmo que este não seja perfeito. E é possível, então, que consigamos transformar uma tarefa cansativa ou entediante em algo prazeroso.